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Rio Verde,04/11/2025

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Após dois meses de tarifaço, agronegócio faz balanço das exportações e aguarda retomada do diálogo

Sociedade Nacional de Agricultura
Após dois meses de tarifaço, agronegócio faz balanço das exportações e aguarda retomada do diálogo

Redirecionamento de commodities vem surtindo efeito

Completados dois meses da vigência do tarifaço sobre todos os produtos brasileiros que entram nos Estados Unidos, o setor agropecuário já tem uma noção mais consolidada dos efeitos dessa taxação, que mostra quais segmentos se mostraram mais vulneráveis enquanto outros mantiveram força e resiliência. O balanço mostra que os produtos alvo de alíquota máxima de 50% são commodities como café, carne e açúcar, que têm mais facilidade para redirecionar as vendas a outros mercados. Essa capacidade de escoar a produção tem se revelado determinante para mitigar o impacto negativo.

No setor de café, as exportações para o mercado americano, o maior do mundo para a bebida, despencaram 56% em setembro em relação a 2024, e devem zerar nos próximos dias, enquanto países como a Alemanha se consolidam como destinos alternativos. De acordo com o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), o tarifaço provocou forte alta nos preços para o consumidor americano. Em 30 de julho, o preço era de 284 centavos de dólar por libra-peso. Atualmente, está em torno de 380 centavos. Isso faz com que países concorrentes como Colômbia concentrem suas remessas para os EUA, abrindo mais espaço no mercado europeu para o café brasileiro, por exemplo.

Apesar da queda de 20,3% nas exportações para os EUA em setembro, o Brasil mostrou agilidade em encontrar novos mercados, ampliando as vendas as vendas para a Argentina (+24,9%), China (+14,7%) e União Europeia (+2%). No balanço geral do mês, as exportações brasileiras cresceram 17,7%, de acordo com os dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

O segmento de carne bovina também é protagonista do movimento de conquistar novos mercados, um trabalho que vinha rendendo frutos antes mesmo do tarifaço. Na ANUGA, uma das maiores feiras de bebidas e alimentos do mundo, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) já consegue avançar em mais tratativas. A participação da comitiva foi noticiada pelo Portal SNA na semana passada. Roberto Perosa, presidente da entidade e um dos expoentes do gabinete de crise desde o anúncio do tarifaço, firmou memorando de entendimento com representantes de Cingapura que estabelece parceria estratégica com o Brasil. O evento acontece em Colônia, na Alemanha, desde o último dia 4 de outubro. Perosa já concedeu entrevista anteriormente à SNA.

Na ANUGA, uma das maiores feiras de bebidas e alimentos do mundo, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) já consegue avançar em mais tratativas. Roberto Perosa (ao centro), presidente da entidade, participa do evento na Alemanha juntamente com outros representantes e autoridades do Brasil. Foto: Divulgação ABIEC

Alguns setores sofreram mais do que outros

Entre as ações contempladas estão o intercâmbio de informações, apoio a iniciativas de promoção comercial e articulação com autoridades regulatórias, como a Agência de Alimentos de Cingapura (SFA, na sigla em inglês) e o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil. Cingapura é um comprador assíduo da proteína animal brasileira, além de entreposto importante no sudeste asiático, onde estão outros parceiros de grande porte do agro nacional. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), representada por Ricardo Santin, também fechou acordo semelhante, em interlocução com a Associação de Comerciantes de Carne de Cingapura.

Na esteira do tarifaço, a China também ampliou seu domínio como maior comprador de carnes brasileiras. Em setembro, a fatia dos EUA na carne bovina fresca, resfriada ou congelada exportada pelo Brasil caiu de 8,9% para 2,4%. A participação do país asiático subiu de 52,9% para 59,5%. Ou seja, a cota perdida pelos americanos acabou sendo absorvida pela China. Os dados são da SECEX.

Ainda de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior, o açúcar brasileiro sofreu forte abalo nos embarques para os Estados Unidos. Em setembro, o volume exportado para os portos americanos foi de 21,1 mil toneladas, uma queda de 84,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em receita, essas exportações recuaram 77,3%, para US$ 14,9 milhões. Somando os embarques de agosto e setembro, período afetado pelo tarifaço, o Brasil exportou 88,1% menos açúcar para os Estados Unidos do que no mesmo período do ano passado, somando 29,6 mil toneladas. Já as receitas com essas exportações tiveram queda de 82,3%, para US$ 21,3 milhões.

Os números vieram no mesmo dia (6 de outubro) em que, de acordo com a Secretaria de Comunicação Social (Secom), o presidente Lula conversou com Donald Trump por telefone, após meses de retórica inflamada de ambas as partes e esforços de negociadores. O presidente brasileiro teria aproveitado, de acordo com a Secom, para pedir que a Casa Branca volte atrás na aplicação da sobretaxa imposta a produtos nacionais. Ainda não há previsão de novos diálogos ou encontro presencial entre os mandatários. O telefonema ocorre semanas após aceno de Trump a Lula, durante seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque. O setor agropecuário acompanha com atenção os desdobramentos dessa distensão, que pode representar, num futuro próximo, alívio tributário nas cadeias produtivas nacionais.

Marcelo Sá – jornalista/editor e produtor literário (MTb13.9290) marcelosa@sna.agr.br
Com informações complementares do Ministério da Fazenda, Ministério das Relações Exteriores e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).




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