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Rio Verde,22/05/2025

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Estudo indica as melhores datas para plantar feijão em Goiás e evitar perdas com o clima

Embrapa
Estudo indica as melhores datas para plantar feijão em Goiás e evitar perdas com o clima
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 Produtores de feijão em Goiás agora têm mais uma ferramenta para reduzir os riscos de perdas por causa do clima. Um estudo realizado por pesquisadores da Embrapa, em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), identificou as janelas ideais de plantio para o feijão das águas em 28 municípios do estado. A partir de simulações realizadas com um modelo computacional avançado, os cientistas descobriram que o momento certo para semear pode mudar significativamente o rendimento das lavouras, dependendo da localização. O trabalho usou dados climáticos e do programa de melhoramento genético da cultura e complementa, em Goiás, as informações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) do feijão.

Os cientistas utilizaram séries históricas de dados climáticos para abastecer o modelo CSM-CROPGRO-Dry Bean, usado para simular o desenvolvimento do feijão e criado por pesquisadores da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, em colaboração com o Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), na Colômbia. O CSM-CROPGRO-Dry Bean é um programa de computador capaz de integrar variáveis relacionadas ao local de semeadura, como o clima e o solo, características de cultivares e o manejo da lavoura. O resultado é a indicação de janelas de semeadura em que há menor risco de exposição, ao longo do ciclo da lavoura, a adversidades climáticas e, por consequência, a obtenção de melhores rendimentos.

Em Goiás, a semeadura do feijão das águas coincide com o início da estação chuvosa no final de outubro e pode se estender até dezembro. Entretanto, é comum haver variabilidade da distribuição das chuvas pelo estado. Por isso, a definição de janelas de semeadura e períodos com maior disponibilidade hídrica contribuem para a minimização da quebra da produtividade das lavouras.

Os cientistas simularam a produtividade com o CSM-CROPGRO-Dry Bean e a estimativa do risco climático para 28 municípios representativos da produção de feijão das águas em Goiás. O risco foi avaliado a partir da escolha de oito diferentes datas de semeadura, uma a cada dez dias, entre o fim de outubro e dezembro.

Na maioria dos municípios do limite leste do estado de Goiás houve aumento da quebra de produtividade com atraso na semeadura (veja quadro abaixo). Nesses casos, é recomendada que a semeadura do feijão ocorra logo no início da estação chuvosa, entre meados de outubro (dias 20 a 30) e início de novembro (dia 10). Já para municípios localizados mais a oeste do estado, é indicado que a semeadura ocorra ao fim de novembro (dias 20 a 30) e em dezembro (dias 10, 20 e 30), visto que os níveis de quebra reduzem à medida que a semeadura é realizada mais tardiamente.

 

Resultados variam com a localização de cada município

Municípios com tendência de quebra de produtividade aumenta com atraso na semeadura: 1. Água Fria de Goiás, 3. Cabeceiras, 5. Campo Alegre de Goiás, 6. Catalão, 8. Cristalina, 9. Flores de Goiás, 10. Formosa, 14. Leopoldo de Bulhões, 15. Luziânia, 21. Planaltina, 24. São João d'Aliança, 25. São Miguel do Passa Quatro, 26. Silvânia, 27. Sítio d'Abadia e 28. Vianópolis.

Municípios com tendência de quebra de produtividade diminui com atraso na semeadura: 2. Alto Paraíso de Goiás, 4. Caiapônia, 7. Chapadão do Céu, 11. Gameleira de Goiás, 12. Ipameri, 13. Jataí, 16. Mineiros, 17. Montividiu, 18. Niquelândia, 19. Padre Bernardo, 20. Perolândia, 22. Rio Verde e 23. Santo Antônio do Descoberto.

 

 

De acordo com um dos coordenadores do estudo, o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão (GO) Alexandre Heinemann, é a variação da distribuição das chuvas pelo estado que causa essa diferença. “O período de chuvas se inicia em outubro e se estende pelo verão no estado de Goiás, mas a diminuição vai avançando gradativamente ao longo dos meses para o noroeste. Por isso, existe essa diferença evidenciada pela pesquisa”, conta Heinemann.

A distribuição das chuvas de modo irregular pelo estado pode acarretar prejuízos à produtividade das lavouras. O pesquisador Silvando Carlos da Silva, que também participou do estudo, destaca a importância do impacto da diminuição de água para as plantas. “O feijoeiro é mais suscetível ao déficit hídrico na fase reprodutiva. Quando a oferta de água é reduzida principalmente no período de floração, há riscos de redução na estatura da planta, no tamanho das vagens, no número de vagens e no número de sementes por vagem, o que afeta diretamente o rendimento da cultura”, detalha Silva. Ele ressalta que, para que o feijão alcance todo seu potencial de rendimento, é necessário que o ar apresente temperaturas mínima de 12°C, máxima de 30°C e o nível ótimo em torno de 21°C.

 

Simulação computacional

O modelo CSM-CROPGRO-Dry Bean ajuda a obter mais conhecimento acerca das respostas da cultura do feijão em interação com o ambiente, pois fornece resultados que envolvem uma complexidade de processos físicos, químicos e biológicos.

É uma ferramenta que permite o estudo e o entendimento de sistemas cultivados, estimando a performance da cultura em diferentes condições. Conforme Heinemann, é uma forma de modelagem preditiva baseada no aproveitamento de big data (grandes bancos de informações coletadas ao longo do tempo). Ele comentou que o diferencial trazido no estudo conduzido pela Embrapa e pela UFG foi justamente a abordagem de interpretação dos dados obtidos pelo CSM-CROPGRO-Dry bean.

Heinemann observou que foi feita a análise de dados funcionais (ADF), um conjunto de técnicas para resumir as propriedades de uma série temporal por meio de funções matemáticas e da estatística. “Com a aplicação do conjunto de técnicas de análise de dados funcionais, tivemos sucesso na determinação de datas de semeadura com menor risco climático”, avalia Heinemann.

O pesquisador esclarece ainda que o CSM-CROPGRO-Dry Bean não substitui o Zarc, mas soma-se a ele e proporciona um novo tipo de abordagem do conhecimento acerca do cultivo, permitindo estabelecer estratégias proativas de gerenciamento de risco que otimizam a alocação de recursos e aumentam a resiliência agrícola diante de possíveis adversidades climáticas.

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