As diversas formas de violência e o reflexo na vida das mulheres foram tratadas durante a realização de uma roda de conversa, nesta quarta-feira (20), com servidoras e colaboradoras da comarca de Inhumas. A iniciativa, realizada pelo Programa Flores do Ipê, faz parte da programação da 30ª edição da Semana da Justiça pela Paz em Casa, que teve início na segunda-feira (18) e prossegue até a próxima sexta-feira (22). 

A juíza Mônica Miranda Estrela, da Vara Criminal e do Juizado Especial Criminal de Inhumas, destacou que a violência contra as mulheres é frequentemente enraizada em uma cultura machista. Ela ressaltou que “as mulheres sofrem violência tanto em casa quanto no trabalho, enfrentando preconceito e diversas formas de abuso. Muitas vezes, por vergonha, elas não denunciam. É essencial mudar essa atitude para que não ocorra o pior, alertou a magistrada. 

As participantes tiveram a oportunidade de conhecer os diferentes tipos de violência e os canais de denúncia oferecidos pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) para casos de violência doméstica e familiar. A assistente social Morgana Rodrigues, da Coordenadoria da Mulher do TJGO, que conduziu a roda de conversa, explicou que “muitas mulheres acreditam que violência é apenas a física, mas as formas patrimonial, sexual, moral e psicológica, também são abusivas, e muitas vezes nem são reconhecidas como tal. Estamos aqui para informar sobre os serviços do Poder Judiciário goiano, que acolhem servidoras e magistradas em situação de violência”. 

Acolhimento e ajuda

A psicóloga da Coordenadoria da Mulher do TJGO, Daniele Rodrigues, informou que a magistrada ou servidora vítima de violência doméstica pode procurar a Coordenadoria da Mulher, a Divisão de Inteligência Institucional ou o Centro de Saúde do TJGO em busca de ajuda. “O Centro de Saúde, inclusive, faz o acompanhamento psicológico das vítimas. Temos também um número de WhatsApp que funciona 24 horas por dia para denúncia, que é o (62) 99229-16 95”.

A secretária da Vara Criminal da comarca de Inhumas, Letícia Ribeiro, gostou de ter participado da atividade.“Muitas vezes, não identificamos a violência doméstica. Em minha família, por exemplo, convivemos com violência psicológica durante anos sem perceber. Somente depois de muito tempo entendemos que se tratava de uma forma de abuso. Quando o TJGO traz esse debate para o ambiente de trabalho, abre um espaço seguro para conversarmos e refletirmos sobre esse tema tão importante”, afirmou. 
    
A psicóloga clínica Shelcy Martins também participou da roda de conversa e elogiou a ação do TJGO. "Eventos como este auxiliam as mulheres a reconhecerem outros tipos de violência, como a psicológica, que, muitas vezes, começa de forma sutil. Com esse conhecimento, elas podem buscar ajuda”, frisou. 

Programa Flores do Ipê

O programa Flores do Ipê foi lançado em março de 2024 e atua em consonância com a Recomendação nº 102/2021 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que orienta órgãos do Poder Judiciário a adotarem o Protocolo Integrado de Prevenção e Medidas de Segurança Voltado ao Enfrentamento à Violência Doméstica Praticada em Face de Magistradas e Servidoras, pelo Comitê Gestor do Sistema Nacional de Segurança do Poder Judiciário – SINASPJ, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). (Texto: Karinthia Wanderley -fotos: Wagner Soares – Centro de Comunicação Social)